sábado, 11 de julho de 2009

Quem sarneyzou meus direitos de cidadão?

O título faz sentido? Pode ser que algum leitor mais esperto compreenda as duas mensagens expressas numa única assertiva. Para os demais vamos botar as coisas em pratos limpos.

Com 18 anos, num quartel em Minas Gerais, por afinidades musicais, fiz amizade com um rapaz que chamarei de Gerlonni, nome fictício. Ele era pianista e acompanhava minhas cantorias ao órgao da capela, de cujo coral eu fazia parte. Foi quando um colega me disse, em duras palavras: "Cuidado com esse cara! Ele é ladrão!"

Poucos dias antes dessa cruel revelação eu havia deixado três partituras de música com o Gerlonni. Quando as pedi de volta ele simplesmente, na maior cara de pau, disse que as tinha devolvido. A partir daí, após a leitura dos boletins nas revistas noturnas, com todos os militares perfilados nas cabeceiras das camas, eram dados alguns avisos, criando um clima hostil ao Gerlonni. Dizia alguém:
- Dei por falta dos meus chinelos e de uma camisa. Quem terá gerlonnizado esses meus objetos?

Vinha um outro:
- Quem gerlonnizou meu livro de química e meu par de sapatos?
Era assim todos os dias. Além de levar um gelo da maioria da tropa Gerlonni sofria essa pressão psicológica. Não aguentou. Pediu desligamento e foi tratar de outra vida.

Há quem diga que a onda #forasarney no Twitter é inócua e infantil e que o Bigode irá prevalecer e continuará rindo da nossa cara. Um amigo me dizia: neste país só aspiro a reclamar e ficar puto!

Pois é, só ficar indignado não resolve. É bem verdade que Sarney não sofrerá isolamento dos seus pares e ainda faz jus ao respeitoso tratamento de "Vossa Excelência", mas quem sabe, um dia, ele, olhando seus bigodes no espelho, faça uma reflexão a respeito de cidadania, honestidade e família e deixe de sarneyzar nossos direitos de cidadãos. Ninguém do Senado, a exemplo de alguns, pode se lixar eternamente para os eleitores. Um dia a casa cai.

2 comentários:

  1. Espero estar viva e com toda as minhas faculdade mentais funcionando bem, porque essa eu não quero perder. Mas se não estiver que meu filho e netos possam dizer "Enfim acabou a mamata".

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  2. Se vai ou não dar em algo, a princípio é o de menos. A mim cabe continuar mostrando minha insatisfação e mandar minhas mensagens para Z'El Bigodon e compadres. Estou fazendo isso, muito antes da campanha que o noblat está querendo capitalizar.

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